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Saúde Mental | Pesquisadores propõem adaptações nas diretrizes de atendimento da psicose no Brasil

Menos de um terço da população global com psicose têm acesso ao tratamento, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). A entidade também destaca a disparidade entre países desenvolvidos, onde 70% dos casos são tratados, e em desenvolvimento, onde apenas 12% recebem o cuidado necessário.

Além disso, fatores como vulnerabilidade social, não ser branco e ter sofrido discriminação aumentam o risco de psicose, colocando o Brasil em uma posição desfavorável quanto ao tratamento e à prevenção desse transtorno.

Agora, um estudo publicado no periódico PLoS One por pesquisadores da University of Melbourne, na Austrália, e do Instituto de Psiquiatria da Universidade de São Paulo (USP) propôs adaptar as diretrizes utilizadas atualmente, desenvolvidas em países de alta renda, para o contexto brasileiro, levando em conta as particularidades culturais, sociais e econômicas do país.

O objetivo foi criar um conjunto de especificações que fossem mais relevantes e eficazes, garantindo que os cuidados e intervenções de emergência em saúde mental sejam acessíveis e apropriados para a população brasileira. Elas enfatizam a importância do apoio familiar e consideram o estigma como um obstáculo para buscar ajuda em questões de saúde mental.

De acordo com a psicóloga e mestranda em psiquiatria Kathlen Mendes, coautora do trabalho, embora o guia seja voltado para os cuidadores informais, médicos de outras especialidades também podem se beneficiar do trabalho. "Validar as emoções dos pacientes pode contribuir para a conduta e facilitar o acesso ao tratamento", afirmou ao Medscape em português.

O estudo utilizou o método de consenso Delphi, envolvendo a opinião de um painel de profissionais de saúde e outro de pessoas com experiência pessoal com psicose no Brasil. Foram feitas duas rodadas de levantamento, nas quais os participantes avaliaram a relevância de diversas declarações traduzidas do inglês para o português brasileiro.

As declarações avaliadas como "essenciais" ou "importantes" por 80% ou mais dos participantes de cada painel foram incluídas diretamente nas diretrizes finais. Já as declarações avaliadas como "essenciais" ou "importantes" por 70 a 79% dos participantes de cada painel foram reavaliadas na segunda rodada. As demais declarações foram excluídas.

Das 403 declarações avaliadas na primeira rodada, 307 (76%) receberam classificações semelhantes nas diretrizes brasileiras e nas de língua inglesa, com 204 (66%) delas aprovadas em ambas. Um exemplo de semelhança é a ênfase na importância de o socorrista manter a calma em situações de crise.

No entanto, as diretrizes brasileiras incluíram 45 novas declarações além das 8 criadas a partir dos comentários dos participantes. Algumas delas sugeriam que o socorrista conversasse com familiares ou amigos da pessoa, um fator destacado por auxiliar nas etapas iniciais de busca por ajuda para indivíduos com problemas de saúde mental, segundo uma revisão sistemática publicada em 2018 por autores brasileiros.

Além disso, 51 declarações das diretrizes em inglês não foram incluídas na versão brasileira. Algumas dessas declarações estavam relacionadas à discussão aberta sobre como buscar ajuda profissional, o que, para os autores, pode indicar que o estigma em torno da saúde mental no Brasil é uma barreira para esse tipo de conversa direta, assim como foi observado em um estudo anterior sobre primeiros socorros em saúde mental para prevenção de suicídio no Brasil.

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Tempus

Tempus – Actas de Saúde Coletiva

ISSN 1982-8829

  • Use of therapeutic offices involving reading and dynamics as proposals for multiprofessional action in CAPS

    In view of the reformulation of the care model proposed by the psychiatric reform, the Psychosocial Care Centers (CAPS) were created through a multiprofessional team...

  • Editorial

    In view of the reformulation of the care model proposed by the psychiatric reform, the Psychosocial Care Centers (CAPS) were created through a multiprofessional team...

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