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Especialistas destacam que, em decorrência da discriminação e rejeição social, indivíduos da população LGBTQIA+ enfrentam problemas com depressão, ansiedade e até mesmo suicídio

Nas discussões sobre bem-estar e direitos humanos, um assunto tem ganhado cada vez mais destaque: a saúde mental da população LGBTQIA+. Ao BNews, a psicóloga Marian Assolin explicou que o preconceito coloca pessoas LGBTQIA+ numa posição de vulnerabilidade, que pode impactar praticamente todas as áreas da vida, tanto na relação consigo mesmas quanto com os outros.  

“Vivemos num país ainda muito violento e agressivo nesse aspecto, que gera uma atmosfera de insegurança para pessoas LGBTQIA+, ocasionando aumento de sintomas ansiosos e depressivos nessa população. Esse contexto também dificulta o acesso aos serviços de saúde, pelo medo de sofrerem algum tipo de violência durante o atendimento, o que pode levar ao tratamento tardio de certas condições, aumentando ainda mais o estresse que experienciam”, explicou.

Para a nossa equipe de reportagem, a jornalista Maira Passos contou que uma das razões que impulsionaram a sua busca por atendimento psicoterapêutico foi a falta de apoio familiar. “A família é o primeiro gatilho para ir para a terapia. Eu nunca tive problema em me aceitar, mas, desde pequena, eu sabia que não podia contar [sobre a orientação sexual] e nem sabia exatamente o porquê”, relatou.

De acordo com a psicóloga, a rejeição familiar que muitos experienciam também pode colocá-los em outras situações de vulnerabilidade, como a falta de moradia e condições de vida dignas e adequadas. “Ter esse suporte social da família, principalmente na adolescência, onde a pessoa ainda está em desenvolvimento, reduz a exposição a outras vulnerabilidades, pois terá em sua casa um ambiente seguro e acolhedor, com pessoas com quem pode contar para passar pelos obstáculos que encontra no dia a dia. Infelizmente, tal acolhimento nem sempre está presente na vida familiar de pessoas LGBTQIA+, mas isso não impede que núcleos de apoio formados por amigos não possam assumir essa função”, detalhou.

Marian também explicou que existem muitas formas de amigos e familiares apoiarem a saúde mental de pessoas que se identificam como LGBTQIA+, uma delas é a escuta. “Para além do respeito, que é o mínimo, aprenda e utilize o nome e os pronomes adequados e se mostre aberto a escutar, isso já contribui para a criação de um ambiente mais acolhedor. Se você não faz parte da população LGBTQIA+, é importante não presumir que entende como a pessoa se sente, buscando validar suas experiências e seus sentimentos, a lembrando de que tem seu apoio”, orientou a profissional.

Ela afirma que a falta de acesso adequado é uma das principais barreiras que pessoas LGBTQIA+ enfrentam quando buscam ajuda para questões de saúde mental. “Mesmo com os recursos públicos e de baixo custo, a disponibilidade desse serviço ainda é insuficiente para atender a todos, e os consultórios particulares não são acessíveis para boa parte das pessoas. Essa situação é ainda mais precária quando pensamos em quantos desses profissionais disponíveis estão, de fato, atualizados nessas temáticas e capacitados para atenderem a população LGBTQIA+”, destacou.

Serviços de apoio à saúde mental

Os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) estão entre os recursos disponíveis para atendimento psicológico e psiquiátrico da população LGBTQIA+. Segundo Marian Assolin, essas instituições também facilitam o acesso à outras partes da rede pública de saúde que podem ser necessárias. Além delas, a profissional também recomenda os Conselhos Regionais de Psicologia como referências para a indicação de profissionais e instituições capacitados para o atendimento dessas pessoas.

“Uma possível estratégia também é buscar grupos de apoio para pessoas LGBTQIA+ na sua cidade para ampliar suas relações e construir vínculos com pessoas que têm experiências parecidas com as suas”, recomendou.

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